sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

A TRISTEZA - ADROALDO BARBOSA





A tristeza brincou comigo
durante um bom tempo,
fez-me carregar pedras nos ombros
como seu prisioneiro
e ziguezaguear
como turista
entre os próprios sentimentos.
A tristeza!
A tristeza chegou a ser,
durante um bom tempo,
a única certeza
em uma série de eventos
que não compreendia.
Acabou tornando-se Afrodite
e eu me conformando
com sua companhia,
me entreguei,
tornado-me
seu alimento.
A tristeza pisou nas tábuas
da minha Igreja
e, não é exagero,
quando digo resoluto
que transformou
o que era sonho
em pesadelo.
A tristeza se perdeu entre meus cabelos,
abriu um buraco no meu peito
e apoderou-se do meu coração,
roubou o ar
dos meus pulmões
e comprou minha saúde
com notas falsas
e moedas de brinquedo.
Levou meus ossos
e só Deus sabe
o que mais
durante todo esse tempo!

Até os ossos...
Ah, exagero!
Se tivesse como, explicava.
Mas,
seria como falar
grego.

A tristeza aos poucos se afasta,
Despede-se
Como se despedem
todas as folhas ao vento.
O que vem pela frente...

Tudo?
Nada?
Tenho medo!
Minh`alma do corpo
anda tão ausente -
Tanto tempo
carregando o mundo inteiro.

Venta
e o vento eu sinto agora
não apenas de vez em quando,
mas,
o tempo inteiro.

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